segunda-feira, 4 de maio de 2009

Um gênio da arte moderna brasileira em exposição no MASP




Retrospectiva da obra de Vik Muniz chega a São Paulo


Quem ficou em São Paulo no feriado aproveitou para ir a shows, e mergulhar numa exposição de um dos artistas contemporâneos mais aclamados do mundo.

Fim de semana prolongado, tempo de preguiça? Que nada. É tempo de cultura. Quem ficou em São Paulo aproveitou para dançar muito, ir a shows, e mergulhar numa exposição de um dos artistas contemporâneos mais aclamados do mundo.

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Ninguém ficou parado. Quatro milhões de pessoas se divertiram assistindo às apresentações de mais de cinco mil artistas na Virada Cultural, que teve eventos em diversos pontos da cidade. Um dos mais procurados foi o show com músicas de Raul Seixas.

Já quem gosta de silêncio e contemplação também achou seu lugar: a exposição de um artista que pode ser chamado de tudo, menos de comum.

De longe, Vik é um retrato na parede. O que faz Vik ser assim são milhares de papeizinhos, circunferências exemplares. As obras de Vik Muniz caminham numa linha fina, espremidas entre o drama e a comédia.

Medusa à Marinara é o que sobrou do prato da macarronada ao sugo. A plateia que nos olha com seu jeito de chocolate. A dor de Jacqueline Kennedy reproduzida ao gosto da geléia de morango.

O trágico saturno que devora o filho ao som dos restos da nossa civilização. O olhar de diamantes de Elizabeth Taylor tem mais valor do que o olhar de caviar de Boris Karloff?

“Não temos o olho violeta, mas temos o brilho da Elizabeth Taylor. Não é uma obra banal, muito pelo contrario. É uma obra que tem um espírito muito forte”, elogia o diretor da exposição Emilio Kalil.

Brinquedos miúdos formam uma Alice no país das maravilhas. Em um pedaço de papel preto, Vik polvilhou açúcar até formar os rostos das crianças do Caribe, que trabalham nos canaviais. Vik recria o mundo com restos dos nossos computadores que já não nos interessam mais.

Nos Estados Unidos estão as carcaças dos processadores. O Brasil é feito praticamente todo de teclados. No Haiti, ficaram os mouses. A lua azul e crescente é feita de pigmentos. A Catedral de Rouen, de Monet, também. Tudo para ser olhado de pertíssimo e bem de longe.

Confetes, serpentinas, os restos de uma quarta-feira de cinzas criam um menino que vive na rua. Um homem toma forma no meio das coisas que jogamos fora. Pessoas que sobrevivem catando coisas no depósito de lixo ajudam Vik Muniz a criar suas alegorias e trabalham colocando sucatas para formar os próprios retratos.

“As pessoas são feitas de lixo, só que o lixo também pode ser arte”, comenta um visitante.

“Ele consegue olhar todos os aspectos da vivência de uma pessoa”, diz uma senhora.
Este foi um fim de semana virado, 24 horas de luzes acesas e 800 atrações pelos palcos de São Paulo. As pessoas caminham pelos viadutos, a arte caminha pelos prédios, onde se exibem brancas bailarinas. Quando amanhece, a Avenida São João vira um grande salão. Espaço para um forró pé-de-serra.

Da virada, a marca mais forte fica a meio caminho entre o que é etéreo e o que é transformador, a noite é de metamorfoses, a noite é de Raul Seixas. Mesmo depois de 20 anos da morte dele ninguém esquece a letra da música.

A Virada Cultural foi inspirada nas noites brancas de Paris. Já está na quinta edição. A prefeitura de São Paulo reconheceu que precisa melhorar a coleta de lixo e a quantidade de banheiros químicos que são colocados à disposição de público cada vez maior.

A mostra de Vik Muniz reúne 131 trabalhos, realizados em 20 anos, entre 1988 e 2008. É impressionante como a obra deste paulistano ainda é capaz de surpreender. A mostra está no Masp.

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